Será que o distanciamento social criou uma epidemia de solidão?
O distanciamento social que estamos praticando devido à pandemia levantou consequências alarmantes: quando não socializamos, nossa saúde declina. É claro que isso já acontecia muito antes de 2020. Mas, a pandemia piorou esta situação dramaticamente.
Os pesquisadores estudaram pessoas que se sentem solitárias e notaram que elas apresentam graves problemas de saúde.
O Instituto Nacional do Envelhecimento afirma: “A pesquisa relacionou o isolamento social e a solidão a riscos maiores para uma variedade de condições físicas e mentais: hipertensão, doenças cardíacas, obesidade, sistema imunológico enfraquecido, ansiedade, depressão, declínio cognitivo, Alzheimer, e até mesmo a morte.”
Outros estudos adicionam o abuso de drogas, suicídio e alcoolismo à lista.
Pessoas com muitos amigos e familiares também podem se sentir solitárias – essa condição não se aplica somente a pessoas que vivem sozinhas, mas ao sentimento de isolamento, falta de cuidado ou falta de amor.
Nós literalmente precisamos de conexões humanas. Observe como nos organizamos no mundo. Não buscamos viver longe de outras pessoas. Entre raras exceções, as pessoas se juntam em vilarejos e cidades.
Nós nos reunimos, assim como as formigas, golfinhos ou pinguins. Não somos solitários por natureza como os leopardos, os bichos-preguiça ou os ursos.
Porém, apesar de sermos basicamente criaturas sociais, alguns de nós acabam ficando sozinhos pelo caminho. Muitas pessoas se juntaram a este grupo ‘não agrupado’ que muitos já chamam de uma nova epidemia.
O Centro de Controle de Doenças citou um relatório da National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine (Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina), que aponta que mais de um terço dos adultos com 45 anos ou mais se sentem solitários e quase um quarto dos adultos com 65 anos e os mais velhos são considerados socialmente isolados.
A professora de Psicologia e Neurociência da BYU Julianne Holt-Lundstat, estudou dezenas de milhares de pessoas de meia-idade. Ela é citada em uma palestra do TED Talks por Susan Pinker, que aborda as mesmas preocupações.
A pesquisa de Holt-Lundstat mostra que o isolamento social tem um impacto maior em nossa longevidade do que exercícios físicos, dieta, estado civil, consultas médicas, problemas cardíacos ou peso.
O simples contato face a face faz uma grande diferença. Até mesmo o tempo que você reserva para falar com as pessoas que interage durante o dia, pode afetar sua longevidade.
Então, o que devemos fazer? Vejo essa situação como um projeto em duas frentes. Primeiro, vamos dar um passo à frente e abordar a solidão dos outros.
Suponho que cada ala ou ramo tem pessoas que sentem que não se encaixam de alguma forma. Alguns têm medos e inseguranças que os mantêm distantes.
Até mesmo alguns dos membros que você vê todas as semanas sorrindo, se sentem terrivelmente solitários por dentro.
Agora que as capelas estão reabrindo lentamente, não vamos perder a chance de “esbarrar” nas pessoas, dar boas-vindas aos novos, adicionar novos contatos na nossa agenda e realmente conhecer uns aos outros.
Sim, tomar o sacramento é a parte mais importante de ir à igreja. Mas não podemos descartar a importância da socialização.
Converse com pessoas de fora do seu círculo habitual de amigos e observe aqueles que estão sozinhos no corredor ou durante a reunião sacramental. Uma conversa amigável pode ser um bálsamo de cura para eles.
Vamos nos esforçar para sermos irmãs e irmãos ministradores melhores, ao saber quantas pessoas estão sozinhas em suas casas. Existem pessoas idosas cujos filhos nunca ligam ou visitam.
Há pessoas recém-divorciadas, imigrantes com dificuldades com o novo idioma, pessoas LGBTQ que querem estar em círculos seguros onde sejam compreendidas – a lista é interminável.
Podemos telefonar ou enviar uma mensagem, levar uma guloseima ou servir de alguma outra forma. O amor genuíno é sempre bem-vindo.
Segundo, cuide de si mesmo. Se você está sozinho, pode lidar com isso. Em vez de esperar que as pessoas o recebam na igreja, procure sorrir e cumprimentar as pessoas.
“Olá, sou novo…” Você pode começar um clube do livro, participar de algum grupo de História da Família ou indexação, ser voluntário em algum projeto em seu bairro ou comunidade ou convidar alguém para jantar.
Sei que pode parecer difícil, mas dê o primeiro passo. Lembre-se que a fé é acompanhada da ação. E não podemos dizer que não deu certo, se ao menos não tentarmos.
Veja a história de pessoas que encontraram alegria na Bíblia e no Livro de Mórmon. Aquelas pessoas corajosamente estenderam a mão ao próximo. Elas os serviram. Elas esqueceram suas próprias preocupações e pensaram no próximo.
Se você puder abraçar essa atitude e se recusar a se sentir negligenciado, você não se sentirá sozinho por muito tempo.
Seu telefone pode ter mais notificações de mensagens do que você gostaria e sua casa pode ficar mais cheia de pessoas do que você poderia imaginar. Mas você definitivamente não se sentirá sozinho ou que ninguém se importa com você.
E vamos lembrar o humor característico do Élder Jeffrey R. Holland quando disse: “Não há desgraça na vida que a lamúria não piore”.
Precisamos parar de choramingar (mesmo em silêncio para nós mesmos) e seguir o exemplo de Cristo de amar os outros.
Ninguém sabe o que o futuro reserva. Você pode ser uma mãe ou um pai muito ocupado agora, mas a vida segue e muda, e amanhã pode ser a sua vez de se sentir sozinho.
Precisamos nos lembrar do Grande Curador que está sempre ao nosso lado, sempre querendo estar mais próximo de nós.
Aproximar-nos do Salvador pode nos dar a certeza que a solidão pode desaparecer simplesmente porque escolhemos colocá-Lo no centro de nossas vidas.
Vamos olhar para a solidão não como um mal, mas como uma condição comum. Pode ser um sentimento saudável que nos ensina o que estamos perdendo na vida. Para termos mudanças positivas podemos avaliar o porquê nos sentimos solitários.
Como o Élder Dieter F. Uchtdorf disse,
“Por favor, entenda que o que você vê e vivencia agora não é o que sempre será. Você não vai sentir a solidão, tristeza, dor ou desânimo para sempre. Temos a promessa fiel de Deus de que Ele não vai esquecer nem abandonar aqueles que voltam o coração a Ele”.
Talvez um dia nos sintamos sozinhos, mas podemos estar entre aqueles que dizem que estão “sozinhos, mas não solitários”, porque encheram suas vidas com muita doação e serviço.
Certamente você conhece pessoas que podem contar com um novo ombro amigo. Talvez, ao estendermos a mão, veremos que é possível aliviar dois corações – o do outro e o nosso.
Fonte: Meridian Magazine
The post Será que o distanciamento social criou uma epidemia de solidão? appeared first on maisfe.org.